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A veja não viu? É melhor não ver a Veja. A Veja é um panfleto.

Colaboração: Sérgio Amadeu

Data de Publicação: 18 de Maio de 2006

São Paulo, 16 de maio de 2006

A revista Veja novamente divulga uma matéria mentirosa. Chamada O Grátis que sai caro, a matéria procura atacar o avanço do software livre usando releases publicitários da Microsoft, empresa monopolista que vai perdendo seus lucros monopolistas diante do avanço do modelo de software aberto.

Como o jornalista Eduardo, o Duda, tem muita experiência sabemos que seu texto não trouxe enganos, mas mentiras:

  1. Somente um único Ministério, do Desenvolvimento Agrário, economizou R$ 2 milhões usando aplicações de segurança livres em sua rede. Isto sem contar a economia com suporte e com a estabilidade da rede. Apesar da campanha da Microsoft, o software livre é muito mais econômico e estável.

  2. A Veja contraria as matérias da Info Exame (do mesmo grupo Abril), uma revista técnica e séria, sobre os enormes benefícios do software livre. Quem está mentindo: a Veja ou a Info Exame? A resposta é óbvia. A Veja mente.

  3. Nunca se vendeu tanto computador no Brasil por causa do programa PC Conectado, devido ao financiamento e aos 26 softwares livres embarcados nos computadores. Só o Duda não viu. A venda de mais de 450 mil computadores com software livre fez até que as licenças proprietárias caissem de preço. A Veja esqueceu que a concorrência gera melhores produtos e a redução de custos da tecnologia da informação.

  4. Veja não viu que enquanto 69,7% do mercado mundial (mais de 2/3) usa Apache, software livre para webservers, menos de 4% dos servidores do governo federal seguiam o padrão do mercado. Duda acha normal quando o uso é de programas da microsoft, mesmo que estes produtos sejam mais caros e mais instáveis. O que o governo federal fez foi quebrar a reserva de mercado para produtos de uma única empresa. Hoje, um pouco mais de 30% do governo federal utiliza Apache. A economia mal começou. Será que algum lobista pediu para a Veja dar uma força e paralisar a redução de custos do Estado?

  5. Duda esqueceu de contar o grande lobby da microsoft sobre o governo. Ele sabia, mas omitiu que o chefe de gabinete da presidência do Serpro, maior empresa de TI do governo, saiu direto de uma empresa pública para o escritório de vendas da microsoft em Brasília. Isto ocorreu no segundo semestre de 2004. Se fosse no mercado financeiro, a lei de querentena proibiria tal absurdo, mas na área de TI isto não ocorre.

  6. Os equívocos da matéria são tantos que não podem ser simplesmente erros. Veja chegou a dizer que quem decide pelo empréstimo de urnas eletrônicas (que usam somente software proprieta?io) para o Paraguai foi o governo federal. Qualquer jornalista sabe que esta decisão é do TSE, Poder Judiciário. Ela não tem nada a ver com software livre e muito menos com o governo Lula. Duda não sabe disto? Claro que sabe, mas fez de propósito. Por que? A serviço de quem?

  7. Cada parágrafo da matéria é meticulosamente escrito para distorcer a realidade. Vou parar por aqui, mas seria necessário reestabelecer a verdade em cada linha. Apenas mais uma: Duda escreveu que o Serpro contratou 2000 funcionários para desenvolver software livre. Mentira descabida. Isto sim é que deveria ter sido feito, mas o concurso foi para técnicos em geral e até para escriturários. Mas para Veja toda informação pode ser manipulada e distorcida. Não é mesmo, Duda?

Notas, por Rubens Queiroz de Almeida

Eu trabalho com software livre há aproximadamente quinze anos. A lista Dicas-L, hoje com 26.000 assinantes, existe há 9 anos, sempre com o intuito de esclarecer e informar sobre os benefícios do software livre.

Por toda a minha experiência no assunto, sinto-me no direito de afirmar que a matéria da Revista Veja, além de tendenciosa, é um festival de incorreções e mentiras. Tradicionalmente o software livre tem pouquissimo espaço tanto na mídia impressa como televisiva, e o que se normalmente se vê não difere muito da matéria publicada pela Veja. O movimento de software livre e seus desenvolvedores possui entusiasmo, criatividade e um grande espírito de solidariedade, mas isto não compra espaço na mídia.

O site BR-Linux está encabeçando um movimento de reação a este artigo da revista Veja, a partir do endereço http://br-linux.org/linux/governo_vai_responder_s_perguntas_do_br-linux?mvh O editor do BR-Linux, Augusto Campos, encaminhou uma carta aos órgãos de informática do governo federal envolvidos na implementação do programa software livre na esfera federal com o intuito de obter mais informações sobre o andamento do projeto.

Transcrevo abaixo um pequeno trecho publicado no site:

A transparência dos órgãos de informática do governo federal é exemplar, e ontem mesmo representantes da SLTI, ITI e Serpro decidiram em conjunto que irão responder às questões enviadas pelo BR-Linux - não como uma resposta à Veja, mas sim em respeito à comunidade que os apóia e colabora na legitimação de seus esforços em prol do software livre.

Aproveitando, para quem ainda acredita que a mídia é isenta e honesta, não deixe de ler o excelente livro O repórter e o poder, de autoria de José Carlos Bardawil, da Editora Alegro, 1999.

Esta autobiografia do jornalista José Carlos Bardawil ajuda a desvendar o que realmente está por trás das empresas de comunicação. Até que ponto interesses particulares ou políticos influenciam a cobertura dos fatos jornalísticos? Ao mesmo que narra sua trajetória pessoal, na forma de entrevista ao jornalista Luciano Suassuna, Bardawil relata importantes etapas da história mais recente da imprensa nacional. O leitor irá conhecer o funcionamento interno de jornais e revistas e o clima nas redações durante a cobertura de episódios fundamentais da história do Brasil. Cada fato é narrado com o olhar particular de um repórter vibrante, inflexível na defesa de seu papel de vigilante dos poderes públicos, acostumado a brigar sempre pelas melhores notícias. Um livro, enfim para quem gosta de debater sobre história, imprensa, política e poder. (Fonte: http://www.bazarcultura.com.br)

Indo mais longe, o livro Cobras Criadas, de Luiz Maklouf Carvalho, conta a história da revista O Cruzeiro, e de seu maior expoente, o jornalista David Nasser. O livro conta como se faziam as matérias jornalísticas daquele tempo. Ao que tudo indica a prática de misturar realidade com ficção, prática comum daquela época, não mudou muito de lá para cá. Para saber mais sobre este livro, leia o artigo publicado no site do Observatório de Imprensa.

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