De acordo com as Leis 12.965/2014 e 13.709/2018, que regulam o uso da Internet e o tratamento de dados pessoais no Brasil, ao me inscrever na newsletter do portal DICAS-L, autorizo o envio de notificações por e-mail ou outros meios e declaro estar ciente e concordar com seus Termos de Uso e Política de Privacidade.


Como funciona a memória

Colaboração: Rubens Queiroz de Almeida

Data de Publicação: 04 de julho de 2018

Embora não pareça, o artigo de hoje tem tudo a ver com a temática da Dicas-L. Neste artigo vamos lhe apresentar alguns conceitos importantes sobre a memória e seu funcionamento e alguns softwares que podem lhe ajudar a melhorar o seu desempenho.

Certamente conhecemos pessoas com memórias prodigiosas e uma capacidade de aprendizado equivalente. A comparação com estas pessoas é muitas vezes desencorajadora, mas felizmente uma boa memória e uma boa capacidade de aprendizado é algo que pode ser conquistado.

Entender como funciona a memória é o primeiro passo para podermos acessar e reter conhecimento mais facilmente. Provavelmente, este deveria ser o primeiro tópico a ser ensinado em uma escola. Existem técnicas milenares que permitem elevar o desempenho de nossa memória a patamares supostamente inatingíveis.

No mundo antigo, em que não existiam computadores, smartphones e todos estes dispositivos para onde estamos transferindo a nossa memória, a arte da memorização era amplamente praticada. Cíneas, embaixador de Pirro junto aos romanos, aprendeu em um só dia os nomes dos homens reunidos em assembleia, podendo cumprimentar a todos no dia seguinte por seus respectivos nomes. Temístocles (524 a.C. - 459 a.C.), foi um político e general ateniense. Sabia o nome de todos os 20.000 habitantes de Atenas.

Um dos relatos mais famosos diz respeito ao poeta grego Simônides (556 a.C. - 468 a.C.). Em um banquete oferecido pelo rei Céos, ao qual foi convidado para fazer um poema em sua homenagem, ausentou-se por alguns instantes do palácio, dirigindo-se ao jardim. Neste breve espaço de tempo o palácio desabou matando a todos que nele se encontravam. Os parentes desesperados não conseguiam reconhecer os mortos, porém Simônides recordava-se da roupa que os convidados usavam bem como a sua localização dentro do palácio, e pôde assim identificar a todos.

Estes são apenas alguns exemplos dos feitos prodigiosos que podemos realizar com a nossa memória. Estes feitos não requerem nenhum tipo de inteligência especial, mas apenas o domínio de técnicas de memorização.

O Dr. Piotr Wozniak, da Polônia, é um profundo estudioso da memória e codificou suas descobertas em um programa mundialmente conhecido chamado SuperMemo, uma abreviação de Super Memory. Este programa toma como premissa o fato de que existe um momento ideal para praticar o que aprendemos. Se praticarmos antes da hora, estamos perdendo nosso tempo. Se praticamos tarde demais já teremos esquecido o que aprendemos e precisamos reaprender os conceitos. O momento exato para exercitar um conhecimento é exatamente o momento em que estamos prestes a esquecê-lo.

O tempo que levamos para esquecer determinada informação segue um padrão: nós nos esquecemos de forma exponencial.

Fonte da imagem: https://www.supermemo.com/smcom/images/9-3-1-pt.png

A figura acima, obtida no portal do programa Supermemo, representa uma curva exponencial descendente, a chamada curva do esquecimento. No eixo Y temos a probabilidade de esquecimento, e no eixo X temos os dias. Quanto mais tempo se passa, se nada for feito, maior o esquecimento. Segundo o gráfico, depois de sessenta dias, caso não haja uma revisão, nos esquecemos completamente da informação aprendida. O que o programa SuperMemo faz é nos expor à informação exatamente no momento em que estamos prestes a esquecê-la. Desta forma, em vez de continuar na curva descendente do esquecimento, a informação é refrescada em nossas memórias. Sempre que a possibilidade de esquecer uma informação está prestes a ficar abaixo do patamar de 90%, o programa nos traz de volta a informação, reduzindo a probabilidade de esquecimento. Podemos ver também que o intervalo de dias entre os lembretes se amplia, até chegar um ponto em que a informação fica totalmente fixada em nossa memória e não mais a esquecemos.

Existem diversos programas com funcionalidades semelhantes e que podem ser instalados gratuitamente, como o software Anki, Mnemosyne, memrise, AnyMemo, dentre outros. Além de gratuitos, estes programas podem ser instalados em diversos tipos de dispositivos, como computadores pessoais, tablets e smartphones. Esta facilidade de acesso contribui grandemente para o aprendizado, visto que podemos estudar a qualquer momento, aproveitando as pequenas janelas de tempo que aparecem durante o dia.

Mas como aplicar estes conceitos? Lembre-se sempre, precisamos rever os conceitos aprendidos com frequência, caso contrário nos esquecemos completamente. Para aplicar estes conceitos ao material deste curso, sempre faça uma revisão do material estudado. Antes de começar uma lição nova, visite as lições anteriores, mesmo que de forma superficial. Caso não se lembre de alguma coisa, pare e faça uma revisão. Neste momento não se preocupe em reter na memória de forma definitiva o conceito em questão, lembre-se, você fará a revisão todos os dias e é garantido que após algum tempo os conceitos estarão firmemente enraizados em sua memória e você poderá utilizá-los de forma automática, quase como uma segunda natureza.

O meu preferido para esta finalidade é o software Anki. O software pode ser instalado em um computador, em tabletes ou em smartphones.

Nas próximas mensagens abordarei em mais profundidade alguns destes programas e também como usá-los.

Resumindo: revise sempre. Os resultados serão fantásticos!

Referências

Adicionar comentário

* Campos obrigatórios
5000
Powered by Commentics

Comentários

Nenhum comentário ainda. Seja o primeiro!


Veja a relação completa dos artigos de Rubens Queiroz de Almeida